18 de agosto de 2008

Textos subsidiários - Gênese Espiritual

GÊNESE ESPIRITUAL
CAPÍTULO XI - ALLAN KARDEC

1. Princípio Espiritual.

2. União do Princípio Espiritual e da Matéria

3. Hipótese sobre a origem do corpo humano.

4. Encarnação dos Espíritos.

5. Reencarnações.

6. Emigrações e Imigrações dos Espíritos.

7. Raça Adâmica.

8. Doutrina dos Anjos Decaídos.


Princípio Espiritual

A existência do princípio espiritual, é um fato que, por assim dizer, não precisa de demonstração do mesmo modo que o da existência do princípio material. É uma verdade que se afirma pêlos seus efeitos, como a matéria pêlos que lhes são próprios.

De acordo com este princípio: "todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente".
Ninguém há que não faça distinção entre o movimento mecânico de um sino que o vento agite, e o movimento desse mesmo sino para dar um sinal, um aviso, atestando só por isso, que obedece a um pensamento, a uma intenção. Ora, não podendo a ninguém a idéia de atribuir pensamento à matéria do sino, tem-se de concluir que o move, uma inteligência à qual ele serve de instrumento para que ela se manifeste.

Pela mesma razão, ninguém terá a idéia de atribuir pensamentos ao corpo de um morto. Sê, pois, vivo, o homem pensa, é que há nele algo que não há quando está morto. A diferença que existe entre ele e o sino é que a inteligência que faz com que este se mova, está fora dele, ao passo que está no homem a que faz que este obre.
O princípio espiritual é corolário da existência de Deus.
Sem esse principio Deus não teria razão de ser, visto que não se poderia conceber a soberana Inteligência a reinar pela eternidade a fora, unicamente sobre a matéria bruta, como não se poderia conceber que um monarca terreno, durante toda a sua vida, reinasse exclusivamente sobre pedras.

Como também não se conceberia um monarca que tivesse criado um reino maravilhoso de vida vegetal e animal, somente para seu deleite. E Deus criou O HOMEM, para ser o coadjuvante de sua obra.

Não se poderia conceber um Deus soberanamente justo e bom, a criar a seres inteligentes e sensíveis, para lançá-los ao nada, após alguns dias de sofrimento sem compensações, e a recrear-se na contemplação dessa sucessão indefinida de seres que nascem, alguns sem que hajam pedido. Pensam por um instante apenas e se extinguem para sempre, ao cabo de efêmera existência. Sem a sobrevivência do ser pensante, os sofrimentos da vida seria da parte de Deus uma crueldade sem objetivo.

É inata no homem, a idéia da perpetuidade do ser espiritual; essa idéia acha-se nele em estado de intuição e de aspiração.

O homem compreende que só ai está a compensação às misérias da vida. À idéia e a força do raciocínio, o Espiritismo junta a sanção dos fatos, a prova material da existência do ser espiritual, da sua sobrevivência, da sua imortalidade e da sua individualidade. Mostra o ser inteligente a atuar fora da matéria, quer depois, quer durante a vida do corpo.

PERGUNTA

É a mesma coisa o princípio espiritual e o principio vital?

RESPOSTA

Havendo como há seres que vivem e não pensam quais as plantas, é cabível se admita que a vida orgânica resida num princípio, independente da vida espiritual. Desde que a matéria tem uma vitalidade independente do Espírito, e que o Espírito tem uma vitalidade independente da matéria, evidente se torna que essa dupla vitalidade, repousa em dois princípios diferentes.

PERGUNTA

Terá o principio espiritual, sua fonte de origem no elemento Cósmico Universal? Será ele apenas uma transformação, um modo de existência desse elemento, como a luz, a eletricidade, o calor, etc.

RESPOSTA

Se fosse assim, o princípio Espiritual sofreria as vicissitudes da matéria; extinguir-se-ia pela desagregação como o princípio vital; o ser inteligente não teria uma existência momentânea como o corpo, e na morte reentraria no nada, ou, o que vem a ser o mesmo, no todo Universal; isto seria, numa palavra, sanção das doutrinas materialistas.
As propriedades sui-generes que são reconhecidas no princípio Espiritual, provam que ele tem ele tem a sua existência própria independente, uma vez que, se tivesse a sua origem na matéria, não teria essas propriedades. Uma vez que a inteligência e o pensamento não podem ser atributos da matéria, chega-se a está conclusão remontando dos efeitos à causa, que o elemento material e o elemento espiritual são os dois princípios constitutivos do Universo. O elemento espiritual individualizado constitui os seres chamados Espíritos, como o elemento material individualizado constitui os diferentes corpos da Natureza0 Orgânicos e Inorgânicos.

PERGUNTA

Sendo admitido o ser Espiritual e não podendo ele proceder da matéria, qual a sua origem e qual o seu ponto de partida?

RESPOSTA

Aqui falecem os meios de investigação, como tudo o que diz respeito á origem das coisas. O homem apenas pode comprovar apenas o que existe tudo o mais lhe é dado formular hipóteses, ou porque esteja fora do alcance de sua inteligência atual, ou porque lhe seja inútil e prejudicial presentemente. Deus não lhe outorga, nem mesmo pela revelação. O que Deus permite que seus mensageiros lhes digam, é que todos procedem do mesmo ponto de partida; que todos são criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir pelas suas atividades pessoais ou individuais; que todos atingiram um grau máximo de perfeição com seus esforços pessoais; que todos sendo filhos do mesmo Pai, são objeto de igual solicitude; que nenhum há mais favorecido ou melhor dotado do que os outros, nem dispensado do trabalho imposto aos demais para atingirem a meta.

Ao mesmo tempo em que criou desde toda eternidade mundos materiais, Deus há criado, de toda a eternidade seres Espirituais se assim não fora, os mundos materiais careceriam de finalidade. Mais fácil seria conceber-se os seres Espirituais sem os mundos materiais, do que estes últimos sem aqueles. Progredir é condição moral dos Espíritos e a perfeição é o fim que lhes cumpre alcançar. Havendo Deus criado de toda Eternidade e criado incessantemente, tem havido seres que atingiram o ponto culminante da escala.

Antes que existisse a Terra, mundos sem conta haviam sucedido a mundos. E quando a Terra saiu do caos dos elementos, o espaço já estava povoado de seres Espirituais em todos os graus de adiantamento, desde os que surgiam para a vida como os que haviam tomado lugar entre os puros Espíritos.

UNIÃO DO PRINCIPIO ESPIRITUAL À MATÉRIA.

Tendo que ser a matéria objeto do trabalho do espírito para o desenvolvimento de suas faculdades, era necessário que ele pudesse atuar sobre ela, pelo veio habitá-la, como o lenhador habita a floresta. Tendo a matéria que ser ao mesmo tempo, objeto de instrumento do trabalho, deus em vez de unir o Espírito a pedra rijada, criou para seu uso corpos organizados, flexíveis, capazes de receber todas as impulsões da sua vontade e de se prestarem a todos os seus movimentos

O corpo é pois, simultaneamente, o envoltório e o instrumento do Espírito, e a medida que este adquire novas aptidões, reveste outro envoltório apropriado ao novo gênero de trabalho, que lhe cabe executar, tal qual se faz com o operário, a quem é dado instrumento menos grosseiro à proporção que ele vai se mostrando apto a executar obra mais bem cuidada. Para ser-mos mais exatos, devemos dizer que é, o próprio Espírito, que modela o seu envoltório e o apropria as suas novas necessidades; aperfeiçoa-o desenvolve-o e completa o organismo à medida que sente a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe a ele emprega-los. É assim que as raças adiantadas tem um organismo ou, se quiserem, um aparelho cerebral mais aperfeiçoado. Do que as raças primitivas. Desse modo igualmente se explica o cunho especial que o caráter do Espírito imprime aos traços da fisionomia e as linhas do rosto e do corpo.

Desde que o espírito é criado, tem para adiantar-se que fazer uso de suas faculdades rudimentares a princípio. Por isso é que reveste um envoltório adequado ao seu estado de infância intelectual, envoltório que ele abandona para tomar outro, à proporção que se lhe aumentam as forças.

Como em todos os tempos houve mundos e esses mundos deram em todos os tempos nascimentos a corpos organizados próprios a receber espíritos, qualquer que fosse o grau de adiantamento que houvessem alcançado, encontrando assim os elementos necessários à sua vida carnal. Por ser exclusivamente materiais, o corpo sofre as vicissitudes da matéria. Depois de funcionar por algum tempo, ele se desorganiza e se decompõe. O princípio vital não mais encontrando elemento para a sua atividade, se extingue e o corpo morre. O espírito, para quem, o corpo carente de vida se torna inútil, deixa-o como se deixa uma casa em ruínas, ou uma roupa imprestável. O corpo não passa de um envoltório destinado a receber o espírito. Desde então, pouco importam a sua origem e os materiais que entraram em sua construção. Seja ou não o corpo do homem uma criação especial, o que não padece dúvida é que tem a forma-lo os mesmos elementos que os dos animais, a animá-lo o mesmo princípio vital, ou por outra, a aquece-lo o mesmo fogo, como tem a ilumina-lo a mesma luz, e se acha sujeito às mesmas vicissitudes e às mesmas necessidades.

O homem nada tem que o destinga do animal. Tudo porém, muda de aspecto, logo que se estabelece distinção entre a habitação e o habitante. Ou numa choupana, ou envergando as vestes de um campônio, um nobre senhor, não deixa de o ser. O mesmo se dá com o homem: não é a sua vestidura de carne que o coloca a cima do bruto, e dele faz um ser a parte, é o seu ser espiritual, seu Espírito.

HIPÓTESE SÔBRE A ORIGEM DO SER HUMANO

Da semelhança que há, de formas exteriores, entre o corpo do homem e o do macaco, concluíram alguns fisiologistas, que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem do que se assim for, afeta a dignidade do homem. Bem pode ser que corpos de macacos tenham servido de vestimenta aos primeiros espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriadas às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser espírito humano, como o homem, reveste-se as vezes de peles de animais sem deixar de ser homem. Trata-se de uma hipótese, apenas para mostrar que a origem do corpo, em nada prejudica o espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco, não implica paridade entre o seu espírito e o do macaco. Admitida essa hipótese, pode dizer-se que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o invólucro se modificou, embelezou-se nas particularidades. Melhorados os corpos pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, a proporção que o espírito progrediu. O espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre, reproduz árvores dessa espécie, e o espírito humano procriou corpos de homens, variantes do primeiro molde em que se estabeleceu. A linhagem se bifurcou; ela produziu um descendente, e esse descendente, tornou-se linhagem.

Como na natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco deferissem do macaco pela forma exterior e não muito pela inteligência. Em nossos dias ainda há selvagens que pelo cumprimento dos braços e dos pés e pela conformação da cabeça, tem tanta parecença com o macaco, que só lhes falta ser peludos, para se tornar completa a semelhança.

ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS

O espiritismo ensina como e de que maneira se opera a UNIÃO DO ESPÍRITO COM O CORPO NA REENCARNAÇÃO.
Pela sua essência espiritual, o espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode Ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. É semi- material esse envoltório, isto é: pertence à matéria pela sua origem e a
espiritualidade pela sua natureza etérea. Como toda matéria, ele é extraído do Fluido Cósmico Universal que nessa circunstância, sofre uma modificação especial. Esse invólucro ou envoltório, denominado PERESPÍRITO, faz da um ser abstrato, O ESPÍRITO, um ser concreto, definido, apreencível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível, conforme se dá com todos os fluidos imponderáveis, que são, como se sabe, os mais poderosos motores. O fluido perispirítico constitui pois, o traço de união entre o espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes exteriores produzem Servem-lhe de fios condutores os nervos, como no telégrafo, o fluido elétrico tem por condutor o fio metálico.

Quando o espírito deve se encarnar num corpo, humano em vias de formação, um laço fluídico, que não é outra coisa senão uma expansão do seu perispírito liga-se ao germe, para o qual se acha atraído, por uma força irresistível, desde o momento da concepção. A medida que o germe se desenvolve, o laço se aperta; sob a influência do princípio vital material do germe, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, com o corpo que se forma: de onde se pode dizer que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, toma de alguma sorte, raiz nesse germe, como uma planta na Terra. Quando o germe está inteiramente desenvolvido, a união é completa, e, então, ele nasce para a vida exterior. Um fenômeno particular, assinalado pela observação, acompanha sempre a encarnação do espírito. Desde que este é preso pelo laço fluídico que o liga ao germe, a perturbação se apodera dele; essa perturbação cresce à medida que o laço se aperta, e, nos últimos momentos o espírito perde toda consciência de si mesmo, de sorte que ele nunca é testemunha consciente de seu nascimento. No momento em que a criança respira, o espírito começa a recobrar as suas faculdades, que se desenvolve a medida que se formam e consolidam os órgãos que devem servir para a sua manifestação. Ao mesmo tempo que recobra a consciência de si mesmo, perde a lembrança do seu passado, sem perder as faculdades as qualidades e as aptidões anteriormente adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de latência e que voltando à atividade, vão ajuda-lo a fazer mais e melhor do que antes. Seu renascimento lhe é um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. Ainda ai a bondade do Criador se manifesta, porquanto, adicionada aos amargores de uma nova existência, a lembrança muitas vezes aflitiva e humilhante do passado, poderia turba-lo e lhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que aprendeu, por lhe ser isso útil. Hei-lo pois um novo Homem, por mais antigo que seja como espírito. Adota novos processos, auxiliado por suas aquisições precedentes. Quando volta a vida espiritual, seu passado se lhe desdobra diante dos olhos e ele julga como empregou o tempo, se bem ou mal.

Cada espírito é sempre o mesmo EU, antes, durante e depois da encarnação.

NA MORTE

Por um efeito contrário, essa união do perispírito e da matéria carnal, que se cumprira sob a influência do princípio vital do germe, quando esse princípio deixa de agir, em conseqüência da desorganização do corpo, a união que era mantida por uma força atuante, cessa quando essa força deixa de agir; então o perispírito se desliga, molécula a molécula como estava unido, e o espírito se entrega à sua liberdade. Assim, não é a partida do espírito que causa a morte do corpo, mas a morte do corpo é que causa a partida do espírito. Dado que, um instante após a morte, completa é a integridade do espírito; e que suas faculdades adquirem até maior poder de penetração, ao passo que o princípio de vida se acha extinto no corpo, provado evidentemente fica que são distintos.

O PRINCÍPIO VITAL E O PRINCÍPIO ESPIRITUAL.

O Espiritismo, pêlos fatos cuja observação ele faculta, dá a conhecer os fenômenos que acompanham essa separação, que as vezes é rápida, fácil, suave e insensível, ao passo que de outras é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do espirito, e pode ainda demorar meses inteiros

Durante o sono, desprendido, em parte, dos liames carnais, restituído a liberdade e a vida espiritual, o espírito se lembra, pois que, então, já não tem a visão tão obscurecida pela matéria.

Tomando-se a humanidade no seu grau mais ínfimo da escala espiritual como se encontra entre os mais atrasados selvagens, perguntasse-a se é aí o ponto inicial da alma humana. Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza, se elabora, passando pêlos diversos graus da animalidade. É ai que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria para ela, por assim dizer, o período de incubação Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana. haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal. Esse sistema fundado, na grande lei de unidade que preside à criação, corresponde, forçoso é convir, à justiça e bondade do Criador; dá uma saída, uma finalidade, um destino aos animais, que deixam então de formar uma categoria de seres deserdados, para terem no futuro que lhes será reservado, uma compensação aos seus sofrimentos. O que constitui o homem espiritual, não é a sua origem, são os atributos especiais dos quais está dotado em sua entrada na humanidade. Atributos que o transforma, tornando-o um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga que lhe deu origem. Por haver passado pela fileira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem; Já não seria animal, como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto, informe que o colocou no mundo. Esse sistema levanta múltiplas questões cujo prós e contras não é oportuno discutir aqui; nem as diferentes hipóteses que se tem formulado sobre este assunto. Se pesquisar-mos a origem do Espírito sem procurar-mos conhecer as fileiras pelas quais haja ele porventura passado, tomamo-lo ao entrar na humanidade, no ponto em que dotado de senso moral e de livre- arbítrio, começa a pesar-lhe a responsabilidade de seus atos.

A obrigação que tem o espírito encarnado de prover o seu alimento para o corpo, à sua segurança, o seu bem estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, exercita-las e a desenvolve-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento, a sua união com a matéria. Daí o constituir uma necessidade a encarnação. Alem disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, concorre para o progresso material do globo, que lhe serve de habitação. É assim que progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente. Todavia a encarnação dos espíritos, não é constante nem perpétua; é transitória. Deixando um corpo, ele não retoma outro. Durante mais ou menos, considerável lapso de tempo, vive da vida espiritual que é a sua vida normal, de tal sorte que insignificante vem a ser o tempo que lhe duram as encarnações, se comparando com ao que passa no estado de espírito livre. No intervalo de suas encarnações, o espirito progride igualmente, no sentido de que aplica ao seu adiantamento os conhecimentos e a experiência que alcançou no decorrer da via corporal; examina o que fez enquanto habitou na Terra, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça planos e toma resoluções, pelas quais conta guiar-se em nova existência, com a idéia de melhor se conduzir. Desse jeito, cada existência representa um passo para a frente no caminho do progresso.

Normalmente, a encarnação não é uma punição, mas uma condição inerente a inferioridade do espírito. A medida que progride moralmente, se desmaterializa, depura-se. Sua vida se espiritualiza, suas faculdades e percepções se ampliam; sua felicidade se torna proporcional ao progresso realizado. Entretanto, em virtude de seu livre- arbítrio, pode ele por má vontade, retardar o seu avanço; prolongando a duração de suas encarnações.

O progresso material de um planeta, acompanha o progresso moral de seus habitantes. A Terra é um dos menos adiantados, povoada de espíritos relativamente inferiores. Quando hão realizado a soma de progresso, que o estado desse mundo comporta, deixam-no para encarnar em outro mais adiantado, até que não sendo mais de proveito a encarnação em corpos materiais, passam a viver exclusivamente da vida espiritual, na qual continuam a progredir noutro sentido e por outros meios, tornando-se mensageiros de Deus ajudando no adiantamento dos demais irmãos seus. Todos são úteis no conjunto, ao mesmo tempo que a si próprios. Por toda parte no mundo espiritual, a atividade. Em nenhum ponto a Ociosidade inútil. A coletividade dos espíritos, constitui de certo modo, a alma do Universo. Por toda parte, o elemento espiritual é que atua em tudo, sob o influxo do pensamento Divino. Sem esse elemento, só há matéria inerte, carente de finalidade, de inteligência. Com a ação do elemento espiritual individualizado, tudo tem uma finalidade, uma razão de ser, tudo se explica. Quando a Terra se encontrou em condições, climatéricas apropriadas à existência da espécie humana, encarnaram nela espíritos humanos. De onde vinham? Quer eles tenham sido criados naquele momento; quer tenham vindo de outros mundos, ou da própria Terra, é um fato, pois que antes deles, só animais havia. Revestiram-se os corpos adequados às suas necessidades, às suas aptidões e por meio do exercício de suas faculdades, esses corpos se aperfeiçoaram: é o que a observação comprova. Com diferença sensível, entre seus caracteres e aptidões, os semelhantes se agruparam e procriando-se esses corpos na conformidade dos respectivos tipos, resultaram daí as diferentes raças, quer quanto ao físico, quer quanto a moral. Continuando a encarnar entre os que se lhes assemelhavam, os espíritos similares perpetuaram o caráter distintivo, físico e moral, das raças e dos povos, caráter que só com o tempo desaparecem, mediante a fusão e o progresso deles. Cada qual dando ao seu modo de vida, um cunho especial de acordo com o seu grau de saber, e com o seu gênio particular. Agruparam-se então por analogia de origem e de gostos, formando tribos e povos. Não foi portanto, uniforme o progresso em toda a espécie humana.

Como é natural, as raças mais inteligentes, adiantaram-se às outras, mesmo sem se levar em conta, que muitos espíritos recém- nascidos para a vida espiritual, vindo encarnar na Terra juntamente com os primeiros ai chegados, tornaram ainda mais sensível a diferença em matéria de progresso.

Não é possível comparar-se os selvagens, que mal se destinguem dos macacos, aos chineses, menos ainda aos europeus civilizados. Ao selvagens alcançaram um dia o nível em que se acham os seus irmãos mais velhos. Mas em dúvida, não será em corpos da mesma raça física, ainda impróprios a um certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento, já não estiver em correspondência com o progresso que ajam alcançado, eles emigraram daquele meio, para encarnar noutro mais elevado, e assim por diante, até que tenham conquistado todas as graduações terrestres, ponto em que deixaram a terra, para passar para mundos mais avançados.

REENCARNAÇÕES

O princípio da reencarnação é uma conseqüência necessária da lei do progresso. Sem reencarnação, como se explicaria a diferença que existe entre o presente estado social e o dos tempos de barbárie? Se as almas são criadas ao mesmo tempo que os corpos, as que nascem hoje são tão novas, tão primitivas, quanto as que viviam a alguns mil anos? Por que as de hoje haveriam de ser melhor dotadas por Deus, do que as que as precederam? Por que tem melhor compreensão? Por que possuem extintos mais apurados? Costumes mais brandos? Por que tem intuição de certas coisa, sem as haverem aprendido? Duvidamos que alguém saia desses dilemas, a menos que admita que Deus cria almas de diversas qualidades. Admitir ao contrário que as almas de agoira já viveram em tempos diferentes; que possivelmente foram barbaras, mas que progrediram e que em cada nova existência trazem o que adquiriram e se aperfeiçoaram por si mesmas, é uma explicação plausível da causa do progresso social. O mundo é um vasto campo de progresso.

Não há também necessidade que os homens mudem de mundo a cada etapa de aperfeiçoamento, como não há de que o estudante mude de colégio para passar de uma classe a outra. Não é vantagem, pelo contrário é um entrave porquanto o espírito ficaria privado do exemplo que lhe oferece a observação do que ocorre nos graus mais elevados e da possibilidade de reparar os seus erros, no meio mesmo onde errou e ofendeu. Porque após curta coabitação, dispersando-se os espíritos e tornando-se estranhos uns aos outros, romper-se-iam os laços de família, à falta de tempo para e consolidarem. Ao inconveniente moral, se juntaria um inconveniente material. A natureza dos elementos as leis orgânicas, as condições de existência, variam de acordo com os mundos; sob esse aspecto, não há dois perfeitamente iguais. Os tratados de física, de química, de anatomia, de medicina, de botânica etc, para nada serviriam nos outros mundos; entretanto, não ficou perdido o que neles se aprende; desenvolveu-se a inteligência, como também as idéias que se colhem de tais obras, auxiliam a aquisição de outras. Se apenas uma vez, fizesse o espírito sua aparição num mesmo mundo, em cada imigração, ele se acharia em condições inteiramente diversas; operaria de cada vez sobre elementos novos. Segundo leis desconhecidas, antes de Ter tido tempo de elaborar os elementos desconhecidos, de os estudar e aplicar. Essas mudanças seriam obstáculos ao seu progresso. O espírito tem que permanecer no mesmo mundo, até que haja adquirido a soma dos conhecimentos e o grau de perfeição que esse mundo comporta. Os espíritos o deixam por um mundo mais adiantado, aquele do qual, nada mais podem auferir, é como deve ser e é.

Tudo na criação tem uma finalidade, sem o que Deus não seria nem prudente, nem sábio. Para o progresso daqueles que cumprem na Terra uma missão normal, há vantagem em volverem ao mesmo meio, para ai continuarem o que deixaram inacabado, muitas vezes na mesma família, ou em contato com as mesmas pessoas, a fim de repararem o mal que tenham feito, ou de sofrerem a pena de talião.

EMIGRAÇÃO E IMIGRAÇÃO DOS ESPÍRITOS

No intervalo de suas existências corporais, o espíritos se encontram no estado de ERRATICIDADE, ( ERRANTE) e formam a população ambiente da Terra. Pelas mortes e nascimentos e nascimentos, das duas populações, terrestres e espiritual, deságuam incessantemente uma na outra.

Há pois diariamente, EMIGRAÇÕES do mundo CORPÓRIO, para o mundo espiritual e IMIGRAÇÕES deste para aquele: é o estado normal.

Em certas épocas determinadas pela sabedoria Divina, essas emigrações e imigrações se operam por acontecimentos consideráveis, em virtude de guerras e revoluções, que ocasionam a partida de quantidades enormes de criaturas humanas, logo substituídas, por equivalentes quantidades de encarnações Os flagelos destruidores, como vulcões, maremotos, terremotos epidemias etc. considera-se com isso, chegadas e partidas coletivas. São meios providenciais para a renovação dos espíritos. nenhum espírito perece; eles apenas mudam da Terra para a espiritualidade e vice- versa. Em vez de partirem isoladamente, partem em bandos. As renovações rápidas, apressam o progresso social. È de notar-se que depois das grandes calamidades, há um período de progresso de ordem física e intelectual ou moral. Essa transfusão que se efetua entre a população encarnada e desencarnada de um planeta, igualmente se efetua entre os mundos, quer individualmente, nas condições normais, quer em circunstancias especiais. Esses acontecimentos, de um plano para outro e de um mundo para outro. Donde resulta a introdução de elementos inteiramente novos, novas raças de espíritos, vindo misturar-se às existentes, constituem novas raças de homens. Como os espíritos nunca perdem o que adquiriram, trazem consigo a inteligência e a intuição dos conhecimentos que possuem, o que faz com que imprimam o caráter, que lhes é peculiar, à raça corpórea que venham animar. Uma vez que a espécie corporal existe, eles encontram sempre corpos prontos para os receber. Não são mais do que novos habitantes. Em chegando á terra, integram-lhe a princípio a população espiritual; depois encarnam, como os outros.

De acordo com o ensino dos espíritos, foi uma dessas grandes Imigrações, ou colônias de espíritos vindos de outras esferas, que deu origem à raça simbolizada na pessoa de ADÃO e, por essa mesma causa, chamada de RAÇA ADÂMICA.

Quando ela aqui chegou, Terra já estava povoada, desde tempos imemoriais, como a América quando aqui chegaram os Europeus...

Mais adiantada do que as que atinham precedido neste Planeta, a raça Adâmica, é com efeito a mais inteligente, a que impele o progresso de todas as outras. A gênese no-la mostra, desde os seus primórdios, industriosa, apta às artes e as ciências, sem haver passado aqui pela infância espiritual, o que não se dá com as raças primitivas.

Tudo prova que a raça adamica não é antiga na Terra, pois é considerada como habitando este globo desde apenas alguns milhares de anos. Não é admissível que todo o gênero humano proceda de uma individualidade única.
Do ponto de vista fisiológico, algumas raças, apresentam características particulares, que não lhes permite se lhes assinale uma origem comum. Não só o clima, pois os brancos que e reproduzem nos países dos negros não se tornam negros e vice- versa. O ardor do sol, tosta a epiderme, porem nunca transforma um branco em negro, nem lhe achatou o nariz nem encarapinhou os cabelos. Sabe-se hoje que a cor do negro, provem de um tecido especial subcutâneo peculiar à espécie. Deve-se considerar a raça negra, da Mongólia, caucásica, como tendo origem própria. O cruzamento delas, é que produziu as raças mistas secundárias.

A cronologia chinesa remonta a trinta mil anos O Egito e a Índia, já eram povoados e floresciam antes da era Cristã.

Observações cientificas, atestam as relações que existiram entre a América e os antigos Egípcios Os Hebreus se estabeleceram no Egito, 612 anos após o diluvio. A geologia descobre traços do homem antes do grande diluvio.

"Pelo Espírito de João Evangelista, em comunicação na Espanha".

"Adão ainda não tinha vindo. Eram os homens primitivos que eu contemplava...

Era o primeiro dia da humanidade...

Era esse homem, pouco mais que um animal.

Seus olhos não refletiam a luz, seus cabelos eram ásperos, e sua boca era grande.

Suas mãos pareciam com os pés.

Peles rijas cobriam suas carnes duras e secas que não dissimulavam a fealdade do esqueleto.

Seu comer era um devorar. Seu andar era pesado e vacilante. Os olhos vagavam sem expressão.

O homem primitivo, nunca ria.

Nunca seus olhos derramavam lágrimas.

O pensar fatigava-o.

Fugia da luz e procurava as trevas.

A raça adâmica é apresentada, como uma raça muito inteligente. Pois que desde a Segunda geração, constroem cidades, cultivam a terra, trabalham os metais, progridem nas artes e nas ciências. Ouçam João Evangelista, descrever esse acontecimento.

Donde vieram esses homens novos no meio dos Homens?

A Terra não lhes deu nascimento, porque eles nasceram antes dela ser fecundada.

Ele vem a ela, em cumprimento de uma lei e de uma sentença Divina.

Ele vem de cima, pois vem envoltos em luz e a sua luz é um farol, para os que moram nas trevas da Terra. Mas trazem no semblante, o estigma da maldição.

São árvores de pomposa folhagem, mas privados de frutos. Sua cabeça é de ouro, as suas mãos de ferro e os pés de barro.

Conheceram o bem, mas praticaram a violência, e viveram para a carne. A geração proscrita traz na fronte o selo da sentença, mas também tem a promessa no coração. Pecaram “por sabedoria e orgulho, e seu entendimento obscureceu-se, mas a promessa da misericórdia subsiste”.

DOUTRINA DOS ANJOS DECAÍDOS E DA PERDA DO PARAÍSO.

Os mundos progridem fisicamente pela elaboração da matéria e moralmente, pela purificação dos espíritos que os habitam. A felicidade neles está na razão direta da predominância do bem sobre o mal. O progresso Intelectual, não basta, pois que com a inteligência podem eles fazer muito mal. Logo que um mundo tenha chegado a um de seus períodos de transformação, a fim de ascender na hierarquia dos mundos, opera-se mutações na sua população encarnada e desencarnada. É quando se dão as grandes Emigrações e Imigrações. Os que apesar de sua inteligência e do eu saber, preservaram no mal, se tornariam daí em diante um embaraço, uma perturbação ao progresso dos bons. São então excluídos e banidos para mundos inferiores e menos adiantados. Ali vão aplicar sua inteligência e suas experiências, ao mesmo tempo que sofrerão por uma série de experiência penosas e por meio de árduo trabalho, suas passadas faltas. Não é para eles um paraíso perdido a Terra de onde foram expulsos?

A raça Adâmica, apresenta todos os caracteres de uma raça proscrita. Os espíritos que a integram foram exilados para a Terra já povoada, mas de homens primitivos imersos na ignorância, que, aquelas tiveram por missão fazer progredir. Sua superioridade intelectual prova que o mundo de onde vieram, os Espíritos que a compõe era mais adiantado do que a Terra. Relegando aquela raça para este mundo, de labor e sofrimento, teve Deus razão para lhes dizer: "dela tirarão o alimento, com o suor da tua face."

"Nos mapas Zodiacais, que os astrônomos terrestres consultam para seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela, na constelação do Cocheiro, que recebeu na Terra o nome de Capela, É um magnifico Sol, entre os astros que nos são mais vizinhos, ela na sua trajetória, pelo infinito, faz-se acompanhar igualmente, da sua família de mundos, cantando as glorias Divinas, do Ilimitado. A constelação do Cocheiro é formada por um grupo de estrelas de varias grandezas, entre as quais se inclui Capela (primeira grandeza). (Alfa) É uma estrela inúmeras vezes maior que o nosso Sol e, se fosse colocada em seu lugar, mal seria percebida por nós, a vista desarmada. Dista da Terra 45 anos luz (4.275 seguidos de 12 zeros) Capela é uma estrela gasosa e de matéria tão fluídica como o ar que respiramos. Sua cor é amarela. É um sol em plena juventude, habitada por uma humanidade bastante evoluída.

FIM

Retirado de: http://techs.com.br/meimei/genese/genese.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário